Energia a mais?
Ouvimos muitas vezes dizer que “o meu filho tem energia que nunca mais acaba”, que “não consigo descansar…ele não pára” e “que posso eu fazer para que se sinta mais calmo?”.
Vamo-nos focar na última questão. O que estará a fazer para que a sua criança se sinta de maneira diferente. E será que a sua criança precisa mesmo de se sentir de forma diferente? O que vamos fazer? BRINCAR!
Quando falo em brincar, falo especificamente em compreender a que é que ela quer brincar e qual o propósito da sua brincadeira. Para aprender bem terá que saber brincar bem.
Convínhamos que existem pais que assumem que a criança “já brinca tanto!” Mas estarão pais e filhos a falar da mesma brincadeira? Como se poderão ajudar mutuamente?
Brincar não significa ter muitas atividades, muitos horários e o tempo todo preenchido, muito menos colocar uma criança que já é irrequieta em atividades demasiadamente dinâmicas porque assim “vai gastar toda a sua energia”. Acredite em mim… não vai!
Fala-se muitas vezes da qualidade do ensino, eu acredito que o mais importante seja a qualidade das brincadeiras de recreio. Se conseguirmos ter as duas… ótimo! Então, mas onde nos devemos focar? E que desporto devo eu escolher para o meu filho?
Vamos começar… pelo início!
Deverei ser eu a escolher? É importante perceber o que a criança gosta, além disso se ela quer, de facto, participar nesse deporto. Por vezes a falha está em não ouvir os filhos e escolhermos “o que é melhor para eles” porque alguém disse que a “natação faz bem ao corpo todo”. Dependendo dos casos, porque é importante ressalvar que este artigo é um artigo de opinião, baseado em experiências, é necessário entender a individualidade da criança.
Deixá-la brincar e perceber que tipo de atividades prefere e em quais se nota que tem mais aptidão. Será que escolhe sempre a bola, que gosta de brincar sozinha ou que prefere jogos com muitas crianças? Primeiro, observe!
É importante que a criança use o movimento e saiba mexer o seu corpo. Lembre-se, eles precisam de se saber mover, experienciar o corpo sem julgamentos, regras ou imposições. Só assim poderão aprender quais os limites das brincadeiras e das suas ações.
Se a sua criança já se enquadra neste âmbito e mesmo assim é irrequieta, sugiro atividades que apelem à concentração, como a natação, o ténis, a dança, o judo e alguns desportos de combate, poderão ser uma boa opção.
Não estou com este artigo a querer dizer que esta poderá ser a única solução. Existem tantas! É cada vez mais óbvio a falta de iniciativa, autonomia, criatividade e imaginação das crianças por falta de “liberdade” de serem quem efetivamente são.
Tornam-se uns escravos do medo porque não lhes permitimos errar. Lembre-se sempre que o tempo evolui e que os nossos filhos não são quem nós somos, apesar de virem através de nós.
Evite julgamentos, aceite a aprendizagem como desafio de erro e conquista, só assim saberão o que gostam e com o que se identificam. E, se isso acontecer, o sentimento de satisfação e de preenchimento também estará dentro deles. Permita que o seu filho possa ser aquilo que realmente é.